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Album: Na Batalha

Desculpa Mãe

Mãe.........
Não dei valor pro teu sonho, sua luta.
Diploma na minha mão, sorriso, formatura.
Não fui seu orgulho. Diretor de empresa.
Virei ladrão com a faca que mata com frieza.
Não mereci sua lágrima no rosto.
Quando chorava vendo a panela sem almoço.
Vendo a laje cheia de goteira ou a fruta podre
que era obrigada a catar na feira.
Enquanto você juntava aposentadoria, esmola pra
não ter despesa.
Eu tava no bar, jogando bilhar, bebendo conhaque.
Bêbado eu era o ladrão de traca escopeta.
Com a mãe implorando comida, na porta da igreja.
Todo natal você sozinha, eu na balada.
Bancando vinho, farinha pras mina da quebrada.
Desculpa mãe pela dor de me ver fumando pedra, pela
glock na gaveta, pelo gambé pulando a janela.

Refrão: (2x)
Desculpa mãe....
Por te impedir de sorrir....
Desculpa mãe....
Por tantas noites em claro, triste sem dormir.....
Desculpa mãe....
Pra te pedir perdão infelizmente é tarde...
É tarde.....
Desculpa mãe.....
Só restou a lágrima e a dor da saudade.

Quantas vezes no presídio, me visitou.
No domingo, bolachas, cigarro, nunca faltou.
Vinha de madrugada, sacola pesada.
Pra ser revistada pelos porcos na entrada.
Rebelião, você no portão.
Temendo minha morte.
Sendo pisoteada pelos cavalos do choque.
Eu prometi que dessa vez tomava jeito.
Tô regenerado. Ouvi seus conselho.
Uma semana depois, eu na cocaína.
Cala boca velha, sai da minha vida.
Eu vô chera, roba, seqüestra.
Não atravessa meu caminho se não vô te mata.
Sai pra enquadra o mercado da esquina.
Troquei com segurança, tomei um na barriga.
Polícia me perseguindo.
Eu quase pra morre, quando uma porta se
abriu pra eu me esconder.

Refrão (2x)

Os gambé vigiando o pronto socorro.
Eu na cama delirando quase morto.
Ferimento ardendo, coçando, infeccionado.
A solução foi farmacêutico do bairro.
Que só veio por você com certeza.
A heroína que pediu esmola no busão com
a receita.
Deu comida na boca, comprou todos remédio.
Sonhou com o emprego.
Mas o diabo me quis descarregando o ferro.
Aí eu dei soco, chute, bati com tanto ódio.
Preciso fumá. Vai mãe, dá o relógio.
Velha, doente, desafiando a madrugada.
De porta em porta. Alguém viu me filho?
Eu tô preocupada.
Fim de semana foi farinha curtição.
Só cheguei hoje; de prêmio te encontrei
nesse caixão.
O vizinho ligou, que foi ataque cardíaco
Morreu na rua atrás da merda do seu filho.

Refrão (2x)



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